O presidente da desordem sem progresso


Todos perguntam hoje o que será do amanhã, como será o meu destino, parafraseando o samba enredo cantado por aí. 

Amanhã haverá um 7 de setembro que era de todos os brasileiros e sobre ele paira uma imensa aflição. Será que haverá golpe? É muito difícil. Mas haverá uma exibição de força, que terá análises e  desdobramentos variados. 

Tendo escapado até aqui de me comprometer com alguma coisa, posso dizer que a data foi sequestrada e passou a ser um evento exclusivo de uma parcela convocada exaustivamente pelo presidente da República. 

Abriu uma exceção: trabalhou para isto. 

Não estará em jogo nenhum valor para todos os brasileiros. Só para uma facção. Uma pauta que vem mudando conforme mudam os interesses da familícia. 

O presidente falou em liberdade, no domingo, mas entendemos isto como se fosse um direto de fazer o que lhe der na telha. De sair correndo pelo pais como um Forest Gamp, parando quando bem entender. Só que em cima de uma moto, pois ninguém é de ferro. Um “Sem Destino” tardio. Careta. Mais para Hells Angels.

A sua bandeira sempre foi a falta de liberdade dos outros. Preferencialmente, sem leis e no pau de arara. 

Outros dizem que vão tomar o Congresso e o STF. Domingo, na praça dos Três Poderes, em Brasília, um bolsonarista disse que tinha que trocar os dez ministros civis por militares. Quem sabe o Pazuello no lugar da Carmen Lúcia? 

Relembremos que foi um tribunal militar que absolveu bolsonaro da sua intenção terrorista contra os próprios quartéis. Isto é que é liberdade!

Mikhail Bakunin, o grande anarquista do século 19, diria, “assim, até eu. Tudo seria mais fácil”. 

Mesmo que tomem os prédios do congresso e do supremo, que estarão vazios, nos outros dias estes poderes se reuniriam como tem sido normal, em sessões virtuais cheias de rancor.  

Eu tenho um nome para este evento dos párias da Pátria.

O dia do Presidente da Desordem sem Progresso!

A pátria está à deriva, sem comando, fazendo água em todos os lugares. 

Dia 8, depois do desfiles nas avenidas, que devem ser grandes, como a apoteose das escolas de samba, virá a grande ressaca dos resultados de um governo fracassado até aqui.

A quarta-feira de cinzas da alta de todos os preços, da falta de empregos, da continuidade da pandemia, do apagão, dos ridículos internacionais… e vamos embora por aí. 

Para amanhã, ainda podemos esperar alguns clássicos históricos da extrema direita, como alguns atentados falsos, para por a culpa nos inimigos de sempre. 

Veio gente de todo o mundo para cá. Não faltará assessoria desqualificada para isto. Um dos filhos zeros convidou extremistas direita a virem ao Brasil na véspera da manifestação “espontânea”. Coincidência?

A direita para criar qualquer ato, mesmo algo que ontem eles eram contra. Exemplos históricos estão por aí.

“A vantagem da incoerência  é que eu estou sempre com a razão”, afirmava um ditador. 

Seja qual for o resultado de amanhã, o Brasil tem que mostrar que é maior que o bolsonarismo. 

Se a régua for as ruas, praças e avenidas, de imediato, saiamos também com nossas bandeiras. Elas são muitas. Ou será que não para mostrar que o bolsonarismo é a minoria? 

“… e na rua, lado a lado, somos muito mais que dois…”, diria o poeta Mário Benedetti.

Ainda somos românticos de Cuba.

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Foto: Jorono no pixabay.com

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